ADOLESCÊNCIA E SOCIEDADE

Nesta reflexão vamos pensar naquela criança que se sentia segura com os pais, seja lá como era a experiência dela, tinha uma vida social acompanhada e cercada pelos seus educadores.
Mas quando esta criança deve deixar de existir para dar lugar ao ser adulto, e entra na fase da adolescência, o pulso biológico, o desejo sexual, que está na sua intimidade, são leis que se fazem cumprir e geralmente a educação recebida foi a que não admite o desejo sexual, para os filhos, os pais são assexuados. Para os pais, os filhos são assexuados.
Vamos encontrar em casa e em sociedade adolescente com a carência infantil intensificada, extremamente irritados, chegando a ser quase insuportável. Soma-se aí a infantilidade, desejo sexual e vontade sem direção.
Não possuem ação social efetiva, ainda é considerado como dependente e, como tal, não tem voz ou poder para alterar os rumos de uma sociedade, vive uma inadequação natural a realidade social, tendo que se adequar a ela de qualquer modo.
A sociedade então deveria estar mais organizada para dar estrutura a este adolescente e estimula-lo nesse período de ajuste, necessitando assim de pulso firme dos educadores para se equilibrar, se aclamar e se ajustar, mas isso não significa castração.
Vamos encontrar adolescentes que desenvolver aquilo que a sociedade desde o núcleo familiar espera deles, mas existem também aqueles que buscam desesperadamente uma porta de saída, pois não se encaixam nem no modelo familiar, nem no modelo educacional e muito menos no contexto social.
Por isso, esses seres acabam se manifestando de forma sofrida e dolorosa para o meio e para si mesmos, pois não compreendem e não são compreendidos em seus anseios, passando a buscar desesperadamente caminhos alternativos que anestesiem a dor, tornando-os fantasmas humanos, pois acabam por descuidar do corpo por ter profundo desprezo por si e por todos, acabando por negar a própria sobrevivência em um suicídio lento que arrasta toda a aparente ordem social ao caos.
Infelizmente a sociedade não avalia resultados, não está atenta as fases existenciais dos seres humanos, e não se adequa para recebe-los em suas dores e inadequação. Busca-se sempre minimizar os efeitos, que não mudam de forma alguma, se não se observar as causas e desenvolver projetos educacionais para que estes seres se autoconheçam e possam se direcionar em busca de uma vida mais equilibrada.
Somos cegos guiando cegos...